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Da entrada à destruição: os efeitos reais do disparo de arma de fogo

21 MAI 2025

Quando um projétil deixa o cano de uma arma, sua trajetória obedece às leis da física e pode ser prevista com razoável precisão. Mas é no instante do impacto, ao atingir o alvo, que o comportamento da bala se torna mais complexo.

A balística terminal dedica-se a estudar justamente esse momento final — onde velocidade, forma e energia se traduzem em trauma, destruição e consequências reais. É o ponto em que variáveis anatômicas e físicas se cruzam, tornando cada disparo um fenômeno único e cheio de possibilidades.

O projétil encontra o corpo: combinação de fatores

Ao colidir com um corpo, o projétil libera sua energia de maneira abrupta. A gravidade do ferimento dependerá tanto das características do projétil — como massa, velocidade, formato e capacidade de deformação — quanto da natureza do tecido atingido.

Municações expansivas, por exemplo, aumentam de diâmetro ao penetrar, provocando danos maiores e transferindo mais energia em menos tempo. Tecidos moles e pouco elásticos, como fígado ou cérebro, são particularmente sensíveis, e a energia do impacto pode causar rupturas internas muito além do caminho da bala.

Três forças que causam ferimentos

Os danos balísticos se manifestam através de três mecanismos principais:

  1. Laceramento e esmagamento: causados pela passagem direta da bala que dilacera tecidos;

  2. Cavitação: processo em que a energia gera cavidades temporárias maiores que o calibre do projétil;

  3. Onda de choque: impacto indireto, comum em munições de alta velocidade, que afeta áreas ao redor do trajeto.

A intensidade e a combinação desses efeitos determinam o grau de destruição causado pelo disparo. Por isso, um mesmo calibre pode gerar ferimentos muito distintos, dependendo do ponto de impacto e do tipo de munição utilizada.

Como os ferimentos são classificados?

Na balística terminal, os ferimentos balísticos são categorizados de acordo com a penetração do projétil:

  • Ferimentos penetrantes: quando a bala permanece dentro do corpo;

  • Ferimentos perfurantes: com orifícios de entrada e saída;

  • Ferimentos avulsivos: com perda considerável de tecidos, geralmente ligados a projéteis de alta energia.

As lesões de entrada tendem a ser circulares e bem definidas. Já as de saída são mais irregulares, com bordas dilaceradas, devido à dissipação da energia. Em tiros à curta distância, a presença de pólvora, queimaduras e gases internos intensifica ainda mais os efeitos destrutivos.

Depois do impacto: desvios, fragmentação e efeitos secundários

Apesar de projetadas para seguir um trajeto retilíneo, as balas se comportam de forma diferente dentro do corpo humano. Ossos, músculos e líquidos internos redirecionam a trajetória, alteram o ponto de saída e até fragmentam o projétil.

Fragmentos ósseos gerados por impacto podem se tornar novos agentes de dano, agravando os ferimentos. No crânio, por exemplo, ocorre o curioso “efeito fechadura”, onde a entrada parece maior que a saída, resultado da ação do osso contra a bala.

Há também ocorrências raras, como embolias por projétil — em que fragmentos metálicos alcançam a corrente sanguínea — e o plumbismo crônico, causado por intoxicação progressiva em casos de projéteis alojados por longos períodos.

A loja Casa Colt, de Buritizal (SP), conclui que a balística terminal é essencial para entender os efeitos reais de um disparo, e tem aplicações fundamentais na medicina legal, na investigação criminal e até no desenvolvimento de munições mais eficazes.

Para saber mais sobre balística terminal, acesse: 

https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/

https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/


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